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Relato de amamentação: Bruna Rubini



"Mas a Malu ainda mama? (Quantas vezes ouvi essa frase)...bem até a semana passada SIM. Se você acha estranho uma criança de quase 3 anos mamando entende a parte do tabu, né?


Bom, antes da Malu eu não valorizava muito a amamentação e eu mesma acharia estranho uma criança grandinha como a Malu mamando, está aí o desafio! Transcender o próprio preconceito de uma cultura que já está implantada em nós.


Minha meta inicial era “sem meta”. Aí chegar aos 6 meses e, sabe como é, quando a gente chega na meta a gente dobra e dobra. E não vê o caminho para sair disso sem causar sofrimento, tanto na gente como no bebê.


Mas dos dois anos eu não passaria! Pois é, a Malu tem 2 anos e 5 meses. 🤪


O mamá não é só fonte de alimentação ou de anticorpos, ele passa a ser o aconchego, o se sentir amado e protegido, passa a ser o refúgio para momentos difíceis e também um ótimo caminho para o sono fácil. Assim, retirar isso da vida da mãe e da criança é ressignificar toda uma relação...(olha aí a parte linda do assunto).


Inicialmente quando a Malu fez um ano pensei em tentar iniciar esse processo de retirada do mamá e aí que fui percebendo tudo que ele significava para a gente e simplesmente não consegui...nós precisávamos dele.


Em Novembro de 2019 (Malu com 1 ano e 8 meses) eu retirei as mamadas noturnas. Eu expliquei para ela que o mamá andava cansado e que a noite ele precisava dormir. Foram umas 3 noites acordando e eu, cansada do trabalho (quem me conhece sabe que levanto às 5 da manhã) levantava e ninava ela em pé e repetindo que o mamá estava dormindo e que tínhamos que dormir também. A verdade é que o mamá trazia comodidade e sair da zona de conforto não é fácil. Mas achei que ela foi bem, acordou algumas vezes mas não teve muito choro!


No entanto, no primeiro resfriado essa mãe que talvez não estivesse preparada para o desmame voltou à estaca zero... e a dar mamá à noite. 😒


Em Março de 2020 veio a pandemia e resolvemos partir para o desfralde, talvez para não ficar a culpa de que eu não estava me esforçando em ajudá-la a crescer com nada.

Fui me sentindo mais preparada e assim resolvi recomeçar. Novamente a mesma técnica e assunto, mamá está cansado e precisa dormir... Desta vez já na primeira noite ela entendeu e não acordou mais (acho que tinha uma memória da vez anterior).


Na semana seguinte, falei para ela que o mamá ficava apenas no sofá de casa e ele não saia mais dali...assim ela parou de mamar para dormir e fora de casa. Diminuímos muito nesta fase.

A partir daí já não me incomodava mais o mamá, ficou só a parte boa. Eu dormia bem, não sentia os olhares estranhos na rua e ainda tínhamos o nosso momento de amor. 💕


E assim fomos até agora. Ela mamava 1 vez ao dia, quando eu chegava do trabalho estava ela lá me esperando e logo dizia: posso mamar mamãe?


Enfim, nossa relação havia crescido e mudado muito! Agora meu colo era aconchego, meu abraço e beijo curavam os dodóis, nossas brincadeiras juntas e momentos de risada mostravam nossa amor incondicional uma pela outra...nós não precisamos mais do mamá!


Expliquei para a Malu que o mamá precisava ir embora, ele precisava ajudar outros mamãe e bebês, porque nós já não precisávamos mais dele...


Dia 04/09/20 fomos à praia e levamos o mamá com a gente (ele saiu do sofá pela primeira vez). Combinamos que ela poderia se despedir dele na praia, poderia mamar quando quisesse e aí no última dia a gente daria ele para o mar... ela aceitou!


Na viagem pediu para mamar algumas vezes a mais do que pedia, mas sempre concordava que não voltaríamos com o mamá para casa.


A despedida foi à beira-mar no dia 08/09/20: pegamos uma conchinha na areia, que o mar nos deu de presente e lá ficamos, na nossa linda relação pela última vez. Era visível que a Malu e eu havíamos crescido e o mamá poderia ficar ali. Ela deu um beijinho e deu tchau e tiramos uma última foto.


Voltamos para casa sem o mamá.


Eu me sentia preparada, mas mesmo assim, nos dias seguintes achei estranho a não teria mamá nunca mais. Porém, acho que era mais o hábito, afinal não precisamos mais dele, então estou seguindo firme para ela também conseguir seguir.

Nos dias seguintes ela pediu algumas vezes, mas eu explicava que havíamos deixado o mamá na praia e oferecia uma brincadeira, uma comida gostosa ou algo que também fosse prazeroso e ela está aceitando sem choro. Acho que dessa vez realmente podemos dizer que o mamá não volta mais.


Essa é a nossa história de amamentação. Fizemos como o coração mandou.


Eu espero que possa ajudar alguém que também tem dificuldades com o assunto. Mas acho importante lembrar que cada criança é única e nossa relação com elas também. Assim, não se cobre de conseguir utilizar a mesma técnica ou de desmamar quando os outros acham que é o momento. Esse é um assunto apenas da mãe e do bebê! Um assunto que merece ser seguido e orientado pelo coração!"


Relato cedido pela mãe, Bruna Rubini, no gupo da Matrice no Facebook.

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